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TUBARÃO |
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" Grite Tubarão numa praia e veja o resultado"Pânico,
é o que nome provoca quando mencionado em determinadas situações. Sua fama e má reputação os tornaram os seres marinhos mais respeitados e temidos em todo o mundo. No entanto, sua real periculosidade, em especial no litoral brasileiro, não é tão grande e certa como muitos acreditam. Apesar dos frequentes ataques que vem ocorrendo nos últimos anos em nosso litoral, particularmente no norte e nordeste, os tubarões não são "feras assassinas" como se imagina. Em todo o mundo são conhecidas cerca de 380 espécies (oitenta no Brasil), cujos tamanhos podem variar de 15 cm a 18 m de comprimento. Entretanto, apenas algo em torno de trinta espécies já provocaram, comprovadamente, acidentes com o homem. Destas, os registros demonstram que somente doze, no litoral brasileiro, são perigosas e realmente podem atacar banhista, surfistas, pescadores e mergulhadores.
TUBARÃO ou CAÇÃO ?
As
duas denominações podem ser utilizadas para qualquer espécie. Porém, usualmente chamamos de tubarão as espécies de grande porte, pouco comuns em nosso litoral, e de cação aquelas de pequeno porte, cuja ocorrência em nossa costa é mais comum. A sabedoria popular tem uma outra definição a esse respeito, de uma forma bem original: "Se a gente come ele, é cação, se ele come a gente é tubarão".
HÁBITOS
Basicamente
marinhos e pelágicos, habitam as águas costeiras e oceânicas, da superfície ao fundo, em praticamente todos os oceanos e mares. Carnívoros em sua esmagadora maioria, são predadores por excelência. Possuem um sistema nervoso muito primitivo, com cérebro pequeno e sensibilidade à dor quase inexistente. Fortes e resistentes, podem demorar muito a morrer ainda que seriamente feridos. Diversos casos já foram relatados sobre cações que mesmo eviscerados continuavam lutando e até mesmo comendo suas próprias vísceras. Agem exclusivamente por instinto, e suas reações são imprevisíveis ; devido à falta de conhecimento sobre seu comportamento, pois são animais que têm uma ampla variação de atitudes muito pouco estudadas. Algumas espécies, devido a sua voracidade, atuam como verdadeiros "lixeiros do mar" ao comerem animais feridos ou mortos (mesmo em decomposição). Entretanto, todas possuem suas preferências alimentares e seguem, de modo habitual, uma dieta regular de peixes, crustáceos, lulas, polvos, tartarugas, raias e outros cações. Incluem-se aí aqueles considerados "Terror dos Mares" e "Comedor de Homens". As práticas de caça dos tubarões são guiadas e determinadas basicamente pela combinação de todos os seus sentidos. No entanto, os padrões de comportamento dos tubarões na busca para obtenção de alimento variam de forma substancial. Em um padrão normal seus movimentos costumam ser lentos e determinados. Outras vezes são convulsivos e rápidos. Na verdade, os padrões de comportamento relativos à forma de natação, aproximação e ataque final variam de acordo com a espécie do tubarão e conforme determinadas situações particulares. Uma delas, onde talvez ocorra a maior demonstração de voracidade e agressividade, costuma ser denominada "frenesi". Esse padrão de comportamento, se é que se pode chamá-lo assim, ocorre usualmente na presença de grande quantidade de comida ou após uma catástrofe __ naufrágio de navio ou queda de avião __ em águas infestadas de tubarões. Justamente porque esse padrão de comportamento é bastante encorajado quando os tubarões estão em grande número. O padrão de frenesi é muito irregular e não segue os padrões normais de movimentação durante as buscas por alimento. Durante o frenesi os tubarões costumam nadar rapidamente para a superfície da água para morder os objetos que estejam flutuando e, imediatamente após, e de maneira repentina, mergulham golpeando e mordendo vorazmente qualquer coisa que esteja ao seu alcance.
Principais Espécies Responsáveis por Registros de Ataque ao HomemCabeça-chata
- Carcharinus leucas. Tamanho máximo: 3,5m e 230 Kg. Ocorrência: norte, nordeste e parte do sudeste.
Cação-limão - Negaprion brevirostris Tamanho máximo: 3,3 m e 120 kg. Ocorrência: norte, nordeste e parte do sudeste.
Fidalgo - Carcharhinus obscurus Tamanho máximo: 3,6
Galha-branca - Carcharhinus longimanus. Tamanho máximo: 3,6 m e 180 kg. Ocorrência: toda a costa brasileira.
Lombo-preto - Carcharhinus falciformis Tamanho máximo: 3,5 m e 150 kg. Ocorrência: norte, nordeste.
Mako - Isurus oxyrinchus Tamanho máximo: 4 m e 500 kg. Ocorrência: toda a costa brasileira .
Mangona - Odontaspis taurus Tamanho máximo: 3 m e 145 kg. Ocorrência: sudeste e sul.
Marracho - Lamna nasus Tamanho máximo: 3 m e 380 kg. Ocorrência: sul.
Tintureira - Galeocerdo cuvieri Tamanho máximo: 7,4 m e 750 kg. Ocorrência: norte, nordeste e parte do sudeste.
Tubarão-azul - Prionace glauca Tamanho máximo: 4,8 m e 150 kg. Ocorrência: toda a costa brasileira.
Tubarão-branco - Carcharodon carcharias Tamanho máximo: 9 m e 2,5 ton. Ocorrência: toda a costa brasileira.
Tubarão-martelo - Sphyrna zygaena Tamanho máximo: 4 m e 400 kg. Ocorrência: toda a costa brasileira.
Comportamento de AtaqueInfelizmente,
somente podemos estudar e conhecer o comportamento de ataque dos tubarões através de relatos de casos reais onde a vítima sobreviveu ou havia a presença de um observador no local. Mesmo assim, na maioria das vezes as observações e relatos só podem ser empregados de forma genérica, pois dificilmente a vítima ou o observador identificam ou fornecem informações precisas para a identificação da espécie agressora. Em muitos casos, os tubarões agressores não são vistos pela vítima antes do ataque. Em outros, porém, um comportamento agressivo, anterior ao ataque, tem sido observado pela vítima ou por um observador. Esse comportamento
O Ataque de TubarãoEm
nossa costa o ataque de tubarão ao homem não é comum, porém não pode ser descartado. Devido à circunstâncias especiais ; como a fome o medo pode ser vencido e o ataque a um banhista pode ocorrer. Desde 1955 foram registrados apenas 51 ataques com dez mortes no litoral brasileiro (no mundo todo são registrados cerca de cem ataques por ano, sendo vinte fatais). As estatísticas mundiais mostram que os ataques costumam ocorrer em águas não muito rasas, com mais de 2 m de profundidade, e envolvem tubarões com cerca de 2 a 8 m de comprimento (82% das espécies apresentam comprimento máximo entre 20 cm e 2 m). E, ainda, que a probabilidade de alguém ser atingido por um raio é muito maior. Entretanto, um raio não costuma cair duas vezes no mesmo lugar. O que não pode ser dito a respeito de ataques de tubarão. Em todo o mundo o maior número de ataques de tubarão ocorre nos mares tropicais e subtropicais. As áreas consideradas mais perigosas, com 54% dos ataques no mundo, são a África do Sul, a Austrália e os Estados Unidos. Estudos dos acidentes provocados por tubarões em todo o mundo revelam que a maioria dos ataques ocorre quando a temperatura da água está igual ou maior que 21o C, embora algumas fatalidades já tenham ocorrido em temperaturas menores. O pico dos ataques ocorre no mês de janeiro, e o período de risco está compreendido entre 14:00 e 18:00 horas. O grande risco seria entre 15:00 e 16:00 horas. Entretanto, deve-se levar em consideração que os tubarões alimentam-se a qualquer hora, particularmente à noite. Alguns autores afirmam ainda que nos acidentes em grupo, como os naufrágios, os tubarões limitam seus ataques à primeira vítima. No entanto, o que de fato costuma ocorrer é que a fonte de atração, o sangue, vem da primeira pessoa atacada. Porém, aqueles que permanecem por perto também poderão tornar-se vítimas, pois, nestas situações, devido à grande quantidade de sangue na água, os tubarões tornam-se extremamente nervosos e descontrolados , "padrão de frenesi ". Quanto mais sangue mais ataques, em um compasso que leva à "orgia", à uma carnificina descontrolada onde os tubarões mordem qualquer coisa que esteja na água ensanguentada e agitada, quando até mesmo alguns tubarões são feridos e mortos. Usualmente a lesão provocada pelo ataque de um tubarão advém de uma única mordida que pode apresentar-se como laceração e/ou compressão, de acordo com o tipo de tubarão agressor. Em função da força mandibular empregada pelo animal, que pode chegar a 300 kg/mm2 de superfície de dente, os danos podem extender-se internamente. Qualquer mordida, independente do tamanho do tubarão, deve ser considerada grave devido às dilacerações que provocam. A hemorragia proveniente do corte de grandes vasos ou danos em estruturas internas altamente vascularizadas induz o choque hipovolêmico e o consequente afogamento da vítima. De acordo com os registros, a mortalidade provocada pelos ataques de tubarão está situada entre 20 e 35%.
Ataques no Litoral BrasileiroEstatísticas
dos ataques registrados entre as décadas de 20 e 90 (até 03/95).
Total de 58 ataques.
Por década: 20:2, 30:1, 40:4, 50:3, 60:2, 70:6, 80:14 e 90:26.
Por estado: MA:8, CE:2, RN:2, PB:4, PE:19, BA:4, RJ:6, SP:8, PR:2, SC:1 e RS:2.
Por categoria: 21 surfistas, 21 banhistas, 5 pescadores, 5 indeterminados, 3 mergulhadores, 2 náufragos e 1 embarcação.
Animais que mais atacam o homem no mundoCrocodilos
- 2.500 ataques p/ ano; Abelhas - 1.250 ataques p/ ano; Elefantes - 250 ataques p/ ano; Tubarões - 100 ataques p/ ano.
Analisando os registros, pode-se tentar tirar algumas conclusões interessantes a respeito dos 58 ataques em nosso litoral.
39 ataques (67%) aconteceram no norte e nordeste brasileiros: a ocorrência de um maior número de espécies agressivas nestas regiões propicia mais acidentes.
26 ataques (45%) na década de 90: a popularização dos esportes náuticos, particularmente o surf, e a crescente ocupação das zonas costeiras por loteamentos de lazer, tem levado cada vez mais gente ao mar, aumentando as probabilidades de ataques de tubarão.
Dos 27 ataques ocorridos em PE e no MA nas décadas de 20 à 90, 18 ocorreram com surfistas de 92 à 95: ao contrário do que muitos poderiam pensar __ por que, de repente, os tubarões estariam atacando? Ainda mais quando isto nunca foi comum no litoral brasileiro __, não são os tubarões que só agora estão atacando e sim os surfistas que começaram, nos últimos anos, a frequentar com maior intensidade as praias do litoral pernambucano e maranhense. Na verdade, os tubarões sempre estiveram lá. É interessante notar que os surfistas costumam deixar parte dos pés, pernas e braços para fora das pranchas, dentro da água. Visto de baixo, o tubarão acredita estar diante de um mamífero marinho, como a foca. Os especialistas apontam para duas espécies como prováveis causadoras destes ataques, a Carcharhinus leucas (Cabeça-chata) e a Galeocerdo cuvieri (Tintureira). Essas espécies são bastante agressivas e não costumam escolher muito seu cardápio, atacando e comendo o que lhes aparece pela frente. No entanto, existem variadas teorias que podem complementar as razões do porque destes ataques: a descarga de esgotos ao natural nos mares, pelos rios, pode estar favorecendo a maior concentração de animais junto à costa. Em determinadas regiões do litoral a topografia submarina pode atrair os tubarões. A vazão dos rios, que altera a salinidade da água do mar, pode atrair ou afastar o tubarão da costa. Já os surfistas acreditam que as iscas jogadas pelas traineiras a menos de 100 m das praias, no verão, estão atraindo os tubarões.
Prevenção do AtaqueDeve-se
ter em mente que os tubarões, em grande parte e na maioria das vezes, têm medo do homem mas podem estar presentes ouvindo seus movimentos, mesmo que não sejam vistos. Não se deve, de modo algum, antagonizar ou provocar um tubarão. São atraídos, e incentivados a atacar, principalmente por sangue, comida (peixe morto), objetos metálicos brilhantes, cores berrantes, vibrações de baixa freqüência e explosões. Um peixe arpoado constituí-se em um enorme convite para o tubarão. Existem numerosas técnicas recomendadas para prevenir o ataque de um tubarão. Porém, nenhum dos métodos é 100% efetivo, visto que os mesmos são imprevisíveis nas mais diversas situações. Alguns princípios básicos, dentro do que se conhece, podem diminuir as chances de um encontro desagradável.
Nadar, surfar ou mergulhar, só com um companheiro ou em grupo. Sozinho você poderá tornar-se o alvo principal e único, e encorajar o ataque. Além disso, muitas vezes a vítima morre por falta de socorro imediato.
Não entre ou permaneça na água com ferimentos sangrando. As mulheres, assim, devem evitar de nadar em águas infestadas de tubarões durante o período menstrual.
Evite nadar ou mergulhar em águas turvas ou escuras, em locais com mais de 2 m de profundidade, em canais e em bocas de baía. Evite também o amanhecer e o crepúsculo, quando os tubarões estão mais aptos a se alimentar.
O lixo é também uma grande fonte de atração para o tubarão. Dessa forma, evite nadar em estuários ou baías onde há descarregamento de lixo ou vazadores de esgoto.
Nunca agarre, monte ou se pendure em um tubarão. Sua pele áspera, coberta com dentículos dérmicos, é capaz de provocar graves feridas na pele humana.
Se um tubarão for avistado procure deslocar-se com movimentos lentos e coordenados. Caso o tubarão demonstre estar muito curioso, tente sair da água, ainda de forma coordenada, sem dar-lhe as costas nem o perder de vista. Mantenha o "sangue frio" e não entre em pânico. Possivelmente ele irá reconhecer a área, dando algumas voltas ao seu redor, e depois irá embora.
Se você estiver mergulhando de garrafa permaneça submerso até atingir o barco. Você é mais vulnerável na superfície. Se não for possível sair da água mova-se para um terreno defensivo, como um recife de coral ou outro objeto imóvel à suas costas, e encare o agressor. Apenas nadar para o fundo nem sempre dá resultado.
Havendo investida do tubarão, deve-se tentar atingí-lo no focinho, olhos ou fendas branquiais. Entretanto, é muito difícil determinar quando o tubarão realmente atacará, pois, aparentemente, poucas espécies apresentam mudanças visíveis em seu comportamento antes da ofensiva. No caso de um ataque, lute com todo esforço possível. Ao contrário do que se pensa, o homem não é uma presa fácil para o tubarão.
Para os pescadores subaquáticos, o tiro só deve ser dado em último recurso. Por mais inofensivo que pareça, um cação ferido ou arpoado torna-se extremamente perigoso.
Quando arpoar um peixe, não o leve junto ao seu corpo. Utilize o barco ou uma bóia.
ASPECTOS MÉDICOS
Usualmente
a lesão provocada pelo ataque de um tubarão advém de uma única mordida, de formato parabólico com bordas irregulares (múltiplas incisões lineares crescentes), que pode apresentar-se como laceração e/ou compressão, de acordo com o tipo de tubarão agressor. Em função da força mandibular empregada pelo animal, os danos podem extender-se internamente no abdôme e tórax quando a mordida ocorrer no tronco. Qualquer mordida, independente do tamanho do tubarão, deve ser considerada grave devido às grandes dilacerações que provocam. A hemorragia proveniente do corte de grandes vasos ou danos em estruturas internas altamente vascularizadas induz o choque hipovolêmico e o conseqüente afogamento da vítima. De acordo com os registros, a mortalidade provocada pelos ataques de tubarão está situada entre 20 e 35%.